2:43 da matina no Principado de Andorra.
Falta-me um cliente para que, finalmente, encerre o dia económico e me possa dedicar ao ócio de ver peliculas, mais ou menos estranhas, perdidas pela net.
Tou farto disto, dias que se tornam noites, noites que se tornam dias e, quando dás por ti, vives a tua vida num momentâneo flash de luz revigorante.
O maço está no fim e, aproveitando o penúltimo prego ferrugento, medito nesta Estranha forma de vida.
Nunca quis hotelaria, trabalhar em hoteis é dos piores obstáculos ao normal estilo de vida de uma pessoa, mas pronto, como tem de ser, tem de ser. A elevada rotinez do trabalho, a falta de uma chefia competente e os diversos problemas causados por burgueses que, apoiados nos seus euros, não respeitam a pessoa que, numa forçada simpatia, lhes tenta proporcionar um bom início de estada. Estou-me a lixar, não me respeitam, não os respeito. Faço o meu trabalho e que não me chateiem muito...
Medito uma vez mais na minha passagem pelo Ensino Superior, dos que lá ficaram, pouco ou nada sei, dos que não ficaram ainda menos.
Quatro anos tentando atingir uma posição que me distinga da maioria mas, em contacto com a realidade, apenas sou mais um...
Estranha forma de vida que me leva a por em causa tantas coisas, outrora, dadas como certas...Penso no que foi a minha vida e no que mudou no último ano de vivência.
Penso o bem que foi encontrar anos após ano, todos aqueles que contribuiram para a minha pessoa, amigos claro, que foi feito deles? como estão? será que pensam também desta maneira?Infelizmente não sei, serás tu o primeiro a dizer-mo.
Tantas boas noites e dias me proporcionaram, tantos episódios que vivemos e ficaram para viver, tantos...sei lá, uma irmandade de desiguais que, vivendo em semelhança, tornaram as dificuldades mais fáceis de superar. Deles todos, apenas um comigo todos os dias. Dois estranhos num país cheio de, sei lá...
Estranha forma de vida que abracei, não me arrependo, mas também não estou contente, não me acomodo, também não me posso acomodar. Senão lá se vai a minha mentalidade sã...
Nos dias em que tudo era fácil, tudo se resolvia com um daqui a bocado, um amanhã ou um deixa estar. Agora não, vivo dia após dia, pensando o que seria se não fosse assim, talvez se fosse assado, porventura seria melhor. Que se lixe...Já estou por tudo...
Estranha forma de vida que me torna tão clínico e ponderado em tudo, eu não era assim, malvado sistema que a todos corroe, mesmo os que tentam não ser adulterados...Mas continuo a lutar, não para voltar a ser o que fui mas, pelo menos, para ter uns momentos de insanidade mental.
Estranha forma de vida, dou a última passa, no último prego ferrugento, a noite aproxima-se da sua metade... Dou por mim a desviar a minha atenção deste texto, para o trabalho. Tem de ser, a responsabilidade vem ao de cima. O cliente não aparece, ainda bem, não tenho paciência para ele...Vai levar um singelo NO SHOW, com todo o meu amor e carinho, e devido a este amor que lhe transmito, vai pagar uma noite da estadia programada. São assim as regras não me importo, importo-me sim pelo facto de não estar junto daqueles que foram a minha familia durante quatro anos.
Dou por mim a pensar que hoje começou um novo ano, e o quão bom era poder estar com eles, a contar as histórias do Verão...Mas não pode ser, desde o iníco que ja sabiamos que mais cedo ou mais tarde isto se passaria. O nosso ciclo já passou, mas a nostalgia ficou e ficará, sempre guardada junto daqueles que a mantêm.
Estranha forma de vida que me levou a pensar nisto hoje...
Estranha forma de vida que um dia me levará para outro lado...
Estranha forma de vida que...Não sei acaba tu que estás a ler.